Saiba como a psicologia do esporte pode ajudar no ciclismo
A Psicologia surgiu com o objetivo de compreender a consciência humana. Com o passar do tempo e com muita pesquisa, essa ciência englobou todo o comportamento humano e suas implicações em seu objeto de estudo, criando áreas específicas como a psicologia do esporte.
O psicólogo do esporte é aquele profissional que ajuda o atleta a compreender, de forma clara, quais são os seus objetivos na modalidade, a organizar um planejamento até que se alcancem tais objetivos e a realizar os devidos ajustes com a rotina intra e extra-treino – sobretudo para os atletas amadores, que não vivem exclusivamente do esporte.
Diversos atletas com os quais convivo fazem ótimos acompanhamentos com nutricionistas, treinadores específicos para as suas modalidades e outros para fortalecimento físico, e ainda assim, não performam da maneira que gostariam. Essa situação, recorrente no cenário esportivo, evidencia a importância que o atleta atribui aos seus aspectos físicos, em detrimento dos aspectos psicológicos, muitas vezes, motivados pela falta de conhecimento desse método de trabalho.
Não é novidade para ninguém que entender o funcionamento do organismo humano é uma tarefa complexa que exige interprofissionalidade, portanto, incluir o psicólogo do esporte nessa lista de profissionais pode trazer mais benefícios do que você imagina. Vem comigo que eu te explico!
Por trás de todo grande atleta existe uma pessoa que anseia, sofre e vibra com circunstâncias dentro e fora do cenário esportivo. Esse mundo fora do esporte é tão significativo quanto dentro, sendo assim, compreender a vida total desse atleta é fundamental.
A principal fonte de informação da vida desse assistido é o discurso do próprio, ou seja, quanto mais domínio ele tiver sobre sua condição física e emocional, mais preciso será o seu discurso e mais adequada será a intervenção do psicólogo do esporte. Nesse sentido, a principal ferramenta para um bom trabalho se chama autoconhecimento.
Por meio da Psicologia Cognitiva Comportamental, vertente que norteia a psicologia do esporte, compreendemos que a construção do mundo em que estamos inseridos se dá por meio de percepções sensoriais, de pensamentos sobre pessoas, situações e objetos e, por último, da interpretação de tais fatores.
Esse tripé influencia diretamente sobre nosso comportamento, portanto, se um atleta faz mal juízo da sua condição física ou de alguma situação no esporte, seu comportamento não resultará na performance esperada, gerando, assim, um desconforto denominado frustração, emoção que poucos adultos sabem administrar.
Autoconhecimento
Assim como operar um computador com mouse e teclado apresentando mau contato é uma tarefa perturbadora e com resultados pouco significativos, operar corpo e mente performando sem compreender suas motivações, anseios, ambições e limitações, pode ser tão desastroso quanto.
Em meu trabalho, por exemplo, são comuns os casos em que me deparo com pessoas que têm dificuldade de perceber que estão fadigadas, seja por sobrecarga de trabalho e treinos, seja por privação de sono, e que se assustam quando afirmo que suas alterações de humor podem estar associadas a esses estressores. Isso porque a fadiga reduz nosso limiar de tolerância à frustração e à irritabilidade.
Portanto, compreender que psiquê e fisiologia atuam de forma sincronizada nem sempre é uma tarefa tão fácil quanto parece.
Identificar os seus principais marcadores cognitivos e comportamentais de fadiga é um bom exemplo de como o autoconhecimento pode te ajudar a perceber a hora de tirar o pé. A alta do cortisol gerada pelo estresse irá provocar mudanças na forma do cérebro trabalhar: algumas pessoas poderão apresentar maior irritabilidade e outras aumentar o desejo por alimentos doces ou até mesmo por bebidas alcoólicas, fatores que influenciarão negativamente na entrega dos resultados esportivos.
Outro momento amparado pelo autoconhecimento é o cenário intra-prova, em que diversas emoções podem aflorar, seja por condições climáticas ou pela presença de um determinado adversário, seja por avaria mecânica. Você se lembra da interferência dos pensamentos em nosso comportamento, dita no início da nossa conversa?
Compreender nossa condição emocional nesse contexto nos permitirá manejar de forma mais funcional nossas emoções para garantir uma melhor condição física e emocional no final da prova, poupando você dá desagradável percepção de “quebra” ou até te proporcionando condições suficientes para um sprint final.
Portanto, você, atleta, que anseia aperfeiçoar seu autoconhecimento e, consequentemente, sua entrega de resultados, seja para alcançar o pódio naquela competição, seja para melhorar seu rendimento naquele pedal entre amigos, procurar um profissional da psicologia do esporte vai lhe deixar mais próximo do seu objetivo.
Vinícius Vieira Deiró
viniciuspsicologo@live.com